quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Comer, rezar e amar?

Comer, rezar e amar?

Ah Roma! Não poderia ter escolhido melhor a cidade para viver! 

Confesso que foi estranho no começo pensar que estava sozinha com a Pitty do outro lado do oceano, mas, ao mesmo tempo, quando caiu a ficha que eu estava morando em Roma uma emoção tomou conta de mim. Eu olhava em torno e pensava: “Meu Deus, eu moro aqui”.

Era um sonho que se tornava realidade, aliás, morar na Itália foi meu pedido quando joguei a primeira moeda na Fontana di Trevi em 2012, quando vim pra cá com meu irmão como turista. 

Eu e a Pitty fazíamos vários passeios nos fins de tarde. Ela foi uma grande companheira. Saía sem rumo, entrava em  sorveteria, pasticceria,, comia em restaurantes. Éramos sempre eu e ela. E como comi...

Ainda bem que eu andava tanto, assim conseguia manter sempre o mesmo peso. Rsss...

A Itália é o país onde melhor se come no mundo, em qualquer restaurante tem comida boa e eu confesso que experimentei vários. 

No trabalho tudo indo muito bem. Meu trabalho consistia em abordar os clientes na via della conciliazione e vender um tour. Ganhava por pessoa que levava na agência. Ainda bem que conseguia fazer no mínimo 10/15 pessoas por dia. Com o tempo você aprende ainda mais as técnicas de venda e com o aprimoramento do discurso conseguia ganhar um bom dinheiro no final do mês. 

Em uma das noites que não tinha muito o que fazer, coloquei no Netflix o filme Comer, Rezar e Amar. Me identifiquei com aquela mulher, que se viu em um casamento falido depois de menos de um ano de ter dito “sim” na frente de todos os familiares. 

Ela resolveu deixar tudo para trás e viver um ano fora em busca de autoconhecimento. A minha escolha mudava um pouco, já que eu escolhi mudar definitivamente de país e não penso em voltar pro Brasil nunca mais. 

A parte de comer eu tinha feito, rezar as vezes, e a parte de amar... ah, essa parte conto no próximo post. 


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Rome sweet Home!



Roma! A cidade eterna! Depois de me separar, quando resolvi sair de Perugia, pensei: Roma, Milão ou Bologna. Não sabia qual cidade escolher, mas sabia que deveria ser uma cidade grande. Sou de São Paulo, gosto de bagunça, de gente na rua a qualquer hora do dia, até do trânsito sentia falta um pouco.

Roma parecia a cidade feita pra mim: vai e vem de pessoas, temperatura de inverno aceitável, aeroporto internacional, metro, pequenos detalhes da cidade grande que somente morando em uma cidade pequena você se dá conta que te fazem falta. Pelo menos fizeram falta pra mim, no ano que morei em Perugia. 

Malas prontas, no dia 28/02/2017, um amigo me deu carona até Roma. Carro cheio. E depois o resto trouxe com o trem. Éramos eu e a Pitty, na cidade mais linda do mundo! 
Assim que cheguei aluguei um quarto perto da Piazza San Pietro. 7 minutos a pé. Pagava 470€ com despesas inclusas, e dividia o apartamento com outras 4 pessoas. 

No meu segundo dia já imprimi 40 currículos e saí distribuindo em todos os lugares: lojas, restaurantes e hotéis. Dois dias depois fui chamada em três restaurantes e em um dos hotéis. Escolhi o hotel! Eu era oficialmente a mais nova camareira do pedaço! Rsss...

O trabalho era pesado, um quarto de um hotel 4 estrelas deve estar impecável. Lençol lisinho, toalhas branquinhas, espelho e vidros reluzentes. Eu trabalhava das 9 às 16 com 30 minutos de pausa, de segunda a sábado. O colchão daquelas camas devia pesar uns 100 quilos. Chegava em casa com as costas doendo. O salário seria de 1.200€ por mês. 

Depois da primeira semana de trabalho liguei chorando pra minha mãe, minhas costas ardiam de tanta dor. Chegava em casa exausta, mas não queria dormir à noite porque sabia que tinha que acordar no dia seguinte para ir trabalhar. Pode ter sido fraqueza minha, mas depois de duas semanas, em um sábado, antes de ir embora mais cedo, eram duas e meia da tarde, abri a porta da gerente do hotel e disse: “amanhã não venho mais”. Obviamente não vi nem a cor do dinheiro das duas semanas que trabalhei.

Cheguei em casa, peguei a Pitty e saímos, rumo à piazza San Pietro. Quando cheguei na frente da Basílica olhei pro céu e quase que sussurrando fiz uma oração. Precisava de um novo emprego! Me virei e sentei no primeiro banco que vi. Olhava o movimento dos turistas e não demorou muito para um jovem rapaz se aproximar e começar a brincar com a Pitty. 

Ele perguntou meu nome, de onde eu era, e quando eu disse Brasil a resposta foi: “eu trabalho em uma agência de turismo e estamos precisando urgentemente de uma brasileira que fale  um pouco de inglês pelo menos, a remuneração é muito acima da média, e o horário de trabalho é de segunda a sábado, das 9:30 às 14:30”. 

Olhei pro céu por alguns segundos e só agradeci! 

“Quando começo?”
“Amanhã”.



sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O divórcio!

O divórcio 

Faz um tempo que não conto um pouco das minhas novidades para vocês, então aqui lá vai uma: me divorciei!

Depois de deixar a advocacia, casar, e botar tudo o que cabia em 64kg e me mudar pra Itália, outra coisa que resolvi mudar por não estar mais me sentindo bem, foi meu estado civil.

O casamento sempre foi um sonho meu, um sonho de família que acabou por se tornar meu também. Mas talvez se pudesse escolher não escolheria propriamente ter o sonho de casar. 

Chega uma hora em que todos os colegas de escola começam a casar, que sua tia avó pergunta três mil vezes quando será o seu casamento, que sua mãe chora quando vai a um casamento e diz: “imagina quando for o seu”. Pois é, não sei se não tive coragem suficiente pra dizer que não amava a pessoa que estava comigo, mas quando me olhei no espelho lá estava eu, vestida de noiva, véu e grinalda, pronta para casar. 

Gastamos horrores, já que é pra casar tem que fazer bem feito: jantar servido à francesa, casa de festas na Vila Olímpia, vestido da Nova Noiva... Foi uma noite cheia de magia, olhar para os meus pais e ver o orgulho em seus olhos foi uma sensação maravilhosa. Mas, pra ser sincera, sabia que não era apaixonada e via que nem o noivo provava deste nobre sentimento.

Dois dias depois do casamento viemos para a Itália e a coisa só piorou. Eu sempre me senti em casa aqui na Itália, desde o primeiro dia, ele não. Queria sempre aperfeiçoar o italiano, ele não queria nem aprender. Queria sair, conhecer gente, ele não... entre outros problemas que não vem ao caso. 

Foram 8 meses de casamento, até que chegou ao fim. Não estava me sentindo bem, não aguentava mais aquela situação, e como vocês já me conhecem um pouco, se não me faz bem: tchau!

E foi assim que terminou mais um casamento no mundo. Fui sincera, e disse que não dava mais, eu continuaria na Itália e ele voltaria para o Brasil. E assim aconteceu. Não sofri, nem fiquei triste. Acabou, já tinha acabado faz tempo. Pra que continuar dando “murro em ponta de faca” como se diz popularmente. 

Os conselhos foram: “tenta mais um pouco, quem sabe...”. NÃO! Pela segunda vez (a primeira foi quando deixei a advocacia) havia tomado uma decisão indo contra todos e tudo, tomei a decisão de ficar sozinha, literalmente sozinha do outro lado do oceano, mas sabia que eu seria mais feliz. Feliz em viver a minha vida, aproveitar para conhecer ainda mais a mulher que me transformei. 

Me apaixonei por essa mulher!

Decidida, livre, dona de seus passos. Livre para voar, para dar passos ainda mais ousados, para ser dona da própria vida. Ali eu tinha conquistado a minha absoluta independência.

No dia seguinte que comuniquei o rompimento da relação ao meu ex marido, a primeira vontade que tive foi a de pular de paraquedas - e olha que eu sempre morri de medo. 

Fiz outra tatuagem
Mudei pra Roma
Viajei muito
Dancei
Bebi
Caminhei sozinha pelas ruas
Fui jantar sozinha (é maravilhoso)
Fiquei em casa sem fazer nada
Comi doce antes do salgado
Passei tardes na Fontana di Trevi 
Passeios noturnos na Piazza San Pietro
Sentei por horas na Piazza Navona
Assisti filme de horror
De comédia
Eu fui e voltei quando e como queria
Eu nasci de novo!

Pela primeira vez na minha vida eu era eu
Eu era minha
Eu era tudo pra mim!

Continuo torcendo pra que todos tenham a coragem de enfrentar qualquer coisa para seguir suas próprias vontades e serem donos do próprio destino! 


terça-feira, 1 de agosto de 2017

Deixe pra trás o que não te faz bem!

Como é triste ver um mundo cheio de pessoas infelizes, escravas de vontades que muitas vezes não são suas e de ideias que de alguma forma as fizeram chegar à mais plena e completa infelicidade.

Já falei sobre medo algumas vezes no blog, mas continuo ratificando a importância de supera-lo rumo a uma vida  feliz. Vejo quem reclama o tempo inteiro de tudo, observo moralistas de plantão prontos para dar a sua opinião baseada em... Afinal, baseada em que?

Eis a questão! 

Cada um tem uma vida, cada um sente de uma forma, cada um tem suas experiências e cada um deve viver de acordo com aquilo que as faz bem. Óbvio não? Infelizmente, para muitos, não! 

São tantos os padrões impostos por uma sociedade limitada a julgar o próximo, que não olha para o próprio umbigo, e ver o quanto isso pode levar o outro à tristeza. 

Você deve ter uma carreira...
Você deve namorar...
Você deve casar...
Você deve ter filhos...
Você deve ser mais magra...
Você deve, você deve, e bla bla bla...

Não digo que foi fácil deixar pra trás aquilo que não estava mais me fazendo  feliz, mas devagarinho foi acontecendo, e a cada passo que eu dava era um degrau rumo à liberdade. E liberdade não de sair e encher a cara, de ficar com outras pessoas ou de voltar só no dia seguinte pra casa, esse é o tipo de liberdade que um adolescente almeja. 

Pessoas maduras querem outra liberdade: a de ser dono do próprio destino. Agir e saber que se errar não terá a quem culpar, pois a culpa será sua, e somente sua. E isso é independência, é ter pleno conhecimento que todo ato trás uma consequência, e toda consequência, boa ou ruim te faz amadurecer. E saber, ainda, que você é responsável pelas suas conquistas e pelas suas quedas.

Posso te contar um segredo? Ser adulto é chato demais. Muitas regras, pra pouco tempo. Amadurecer é necessário, mas amadureça conscientemente, com a certeza de que cada passo foi dado na direção que você queria, ignore as placas pelo caminho, elas só te induzem a erro, siga seu coração, seu instinto, suas vontades e experimente viver da maneira que você quer. É libertador!